O fator conexão na fórmula de sucesso de marcas próprias
Há alguns anos, as chamadas marcas brancas ou marcas próprias estavam localizadas principalmente em segmentos de consumo, como alimentação e higiene, nos quais se posicionavam produtos de conveniência, sobretudo em conjunturas econômicas adversas. A redução do investimento em imagem e publicidade se traduzia em benefício econômico para os clientes, que inclusive tornaram-se fiés a esses produtos.
Na moda era impossível pensar em marcas brancas, por tratar-se de um setor em que, justamente, a marca era vista como um selo de qualidade, design e prestígio que o consumidor desejava portar em determinada peça de roupa ou acessório. Hoje, no entanto, a vestimenta imprime uma caracterização social ou cultural. Você pode, por exemplo, facilmente tirar conclusões sobre o estilo de vida de duas mulheres da mesma idade a partir de seus trajes.
Porém esse fenômeno em que um designer se torna uma marca, além de ter deixado de ser exclusivo da moda, não é mais a única garantia de qualidade. Com a revolução do fast fashion, estamos caminhando para uma era em que uma marca vira um ícone com designers anônimos e uma cadeia completa de produção por trás que não para seu anseio de satisfazer, o mais rápido possível, o desejo do consumidor de usar a última tendência, seja na impressão de uma camisa ou na textura de sapatos.
“Com a revolução do fast fashion, estamos caminhando para uma era em que uma marca vira ícone com designers anônimos e uma cadeia de produção que não para”
Como parte da mesma evolução, a tecnologia forneceu à indústria informações relevantes e acesso a dados valiosos, o que lhe permitiu pensar e tornar realidade o que não se acreditava que poderia acontecer: oferecer suas próprias marcas de moda, não focadas no preço, mas em conectar com os consumidores desde o design, a qualidade ou algum diferencial próprio e de destaque.
Gabriel Farias, especialista em aprovisionamento têxtil, explica que a indústria deve ir em direção à análise preditiva já que “estar na última moda não garante as vendas e a rentabilidade no setor de moda. Em minutos, os consumidores podem detectar e compartilhar uma tendência nas redes sociais (…)”. É necessário, então, identificar a personalização, a adaptação às necessidades individuais e os tempos de disponibilidade e entrega como elementos-chave para a marca fixar-se na mente do consumidor da moda.
Há alguns anos, a Amazon invadiu com suas próprias marcas de básicos, cujos números de vendas e perspectivas refletem um crescimento exponencial contínuo. Embora os padrões de design possam ser mínimos, há uma oferta para um universo de compradores que, por um lado, exigem esse tipo de peça e, por outro, procuram voltar ao básico. As mesmas pessoas que preferiram alimentos artesanais sem pagar muito ou até mesmo a fabricação em casa de seus próprios produtos, porque simplicidade e autenticidade são seus princípios de vida.
O Corte Inglês, por sua vez, buscou inserir no mercado respostas as necessidades do entorno, criando uma extensa lista de marcas próprias com produtos de alta qualidade que competem de igual para igual com grandes casas. O Grupo Éxito, na Colômbia, por meio de uma parceria anual com renomados designers nacionais, lançou uma coleção conjunta de marca própria de primeira qualidade, posicionando-se na mente e no coração dos consumidores.
“Marcas próprias podem agregar valor à indústria da moda, fortalecer a competitividade no entorno e se adequar ao exigente consumidor de hoje”
Em Almacenes De Prati, trabalhamos há mais de 15 anos no desenvolvimento de um portfólio robusto de marcas próprias. Juntamente com fornecedores locais e uma equipe que dá a vida a essas marcas, invertemos os indicadores de compras nacionais e internacionais, privilegiando os produtos equatorianos alinhados às últimas tendências da moda e aos padrões de máxima qualidade.
As marcas próprias tornaram-se o pilar fundamental da proposta de valor da De Prati para o mercado local, em vez de uma estratégia que responde a um determinado momento ou comunidade particular. É uma aposta que exigiu cuidado para que o sortimento atenda aos mais altos padrões de qualidade, design e proposta de valor.
Com um portfólio de dez marcas próprias, nossos clientes – mulheres, homens, jovens e crianças – têm acesso às tendências, é claro, mas também têm uma experiência de compra de acordo com seu estilo de vida, em uma loja física ou on-line. O crescimento anual das vendas de marcas próprias a um ritmo de dois dígitos e um, respectivamente, nos últimos dois anos, reflete a fidelização de nossa oferta de valor.
O lançamento da coleção de marca própria de moda deve envolver várias áreas da empresa. Desde a definição do sortimento e profundidade que terão as peças da coleção de acordo com cada marca, bem como seu design, aos cuidados de uma equipe de talentos locais.
Para a distribuição e disposição final do produto na loja, procuramos ser uma referência em nossa comunicação através, por exemplo, de ações interativas nos canais com a marca corporativa ou com influenciadores com que, tanto a empresa como os clientes, compartilham valores.
A chave para o sucesso em nossas próprias marcas está em entender os gostos e preferências de nossos clientes para conseguir adaptar tendências mundiais de moda ao nosso território e ao consumidor, com um altíssimo foco na qualidade do produto e ao suporte de uma equipe de designers talentosos, compradores e, acima de tudo, de mãos dadas com nossos fornecedores estratégicos.
As marcas próprias, em definitivo, podem agregar valor à indústria da moda, fortalecer a competitividade no entorno e se adequar ao consumidor exigente de hoje, conquistando um espaço permanente em seu armário.