UNO Novembro 2015

México-União Europeia: responsabilidade global compartilhada

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O México tem um interesse estratégico em manter uma relação profunda, sólida, moderna e ambiciosa com a UE, com base nos valores comuns da democracia, do respeito aos direitos humanos e do diálogo social, bem como nos da herança cultural comum e dos fortes laços históricos, políticos, econômicos e humanos. Além disso, nos une o apoio ao livre mercado e a um sistema internacional baseado em normas que garantam a paz e a segurança. Também partilhamos interesses: ambos sabemos do potencial do livre comércio, do investimento estrangeiro direto e da integração para impulsionar o desenvolvimento econômico e a coesão social.

Para atender a ditos interesses, ambas as partes devem ser capazes de criar ou alterar os instrumentos e mecanismos necessários para concretizar mais iniciativas, aprofundar o diálogo político, incrementar o comércio, o investimento e o turismo, e aumentar a cooperação. Nisto consiste a tarefa atual de atualizar o Acordo Global e a Associação Estratégica, com seu Plano Executivo Conjunto, para que reflitam as mudanças dos últimos quinze anos no México, na UE e no ambiente global e tragam maiores benefícios para nossas sociedades.

Para o México, a UE é um aliado estratégico em tema multilaterais e um ator decisivo para compor uma ordem mais justa e enfrentar os desafios globais

Em 1950, os europeus empreenderam o projeto de integração mais ambicioso e bem-sucedido da história e deram uma grande lição sobre como inovar na criação de instituições eficazes e poderosas que hoje permitem alcançar os equilíbrios que sustentam a União Europeia, com 26% do PIB mundial, sendo a maior potência comercial e o primeiro doador de ajuda ao desenvolvimento. Além disso, é um polo de desenvolvimento tecnológico e sede de empresas líderes em setores estratégicos para o México, como o automotivo, aeroespacial e farmacêutico. No comércio, a UE é nosso terceiro parceiro e, de 1999 a 2013, foi o segundo investidor.

09Os contatos governamentais com a UE e com seus Estados-Membros são frequentes e frutíferos. Desde o início do governo do presidente Peña Nieto, nós assinamos mais de duzentos acordos em matéria de saúde, educação, aviação, energia, cooperação tecnológica e científica e econômico-comercial, entre outros. Houve quatro visitas de Estado – Portugal, Espanha, Reino Unido e França – e uma oficial – Itália –, e recebemos no México altos funcionários de uma dezena de Estados-Membros, além dos muitos encontros do Chanceler Meades com seus pares europeus. Com a UE, do qual o México é um parceiro estratégico, acabamos de celebrar a VII Cúpula, na qual acordamos em dar passos significativos para impulsionar o processo de atualização de nosso marco jurídico bilateral e iniciar negociações em breve.

Para o México, a UE é um aliado estratégico em tema multilaterais e um ator decisivo para compor uma ordem mais justa e enfrentar os desafios globais. As coincidências nas Nações Unidas e no G20 são muitas e frequentes, e somos um importante interlocutor um do outro. Além disso, ambos temos grande disposição para assumir maiores responsabilidades na arena global, particularmente em questões como as mudanças climáticas, a Agenda de Desenvolvimento pós-2015, o problema mundial das drogas, a migração ou das Operações de Manutenção de Paz sob amparo das Nações Unidas. Qualquer esforço será muito mais eficaz se o México e a UE trabalham de maneira conjunta.

Isto também se aplica ao âmbito da cooperação internacional. A UE é um ator de primeira importância neste setor e o México está desenvolvendo suas capacidades para participar, não só como um receptor, como no passado, mas também como um fornecedor, o que abre a possibilidade de promover mais projetos bilaterais, mas, acima de tudo, se aventurar na cooperação triangular.

Há poucos atores no ambiente internacional que sejam mais idôneos que a UE a contribuir para que o México alcance seus objetivos internos e externos

Aos pilares básicos do diálogo político, integração econômica e cooperação nas relações bilaterais, devemos acrescentar uma ampla agenda de temas específicos em que a cooperação entre a UE e o México é, em si, benéfica. Tal é o caso dos intercâmbios em matéria de ciência e tecnologia, formação, energia, educação superior, direitos humanos, justiça, política regional e emprego, por exemplo.

Há poucos atores no ambiente internacional que sejam mais idôneos que a UE a contribuir para que o México alcance seus objetivos internos e externos. Além disso, o México e Europa são chamados a desempenhar um papel significativo no sistema internacional, cada um em seu campo e a partir de suas capacidades, mas também conjuntamente, com base em suas semelhanças em valores e interesses, para ajudar a moldar um cenário global em que possam desenvolver-se plenamente.

Mexicanos e europeus têm uma agenda ampla e dinâmica e sinergias que nos unem, apesar da distância. Nossos esforços têm uma complementaridade inerente que irá torná-los mais frutíferos se aprofundarmos as relações e buscarmos benefícios tangíveis e concretos para as nossas sociedades.

Carlos de Icaza
Subsecretário de Relações Exteriores do México
É subsecretário de Relações Exteriores do México, Emissário (Sherpa) do México para o G20 e foi embaixador em vários países, como a França (2007-2012), Estados Unidos (2004-2007), Japão (2001-2004), Argentina (1995-1996), assim como representante permanente junto à UNESCO (2010-2012) e um dos  representantes frente à Organização Internacional do Trabalho (1979-1980). Além disso, ocupou cargos de responsabilidade na Chancelaria mexicana, como o de subsecretário de Relações Exteriores para a América Latina e Ásia-Pacífico (1998-2000); atuou ainda como oficial sênior (1991-1993); secretário particular do Chanceler (1988-1991); diretor-geral para a América Latina e o Caribe (1983-1986). Foi nomeado embaixador eminente em 2005. [México]

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