UNO Agosto 2013

Quatro motivos para investir na América Latina

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No fundo, o título desse artigo deveria começar com uma pergunta ao invés de trazer uma afirmação: Por que se deve considerar a América Latina para investir?; é realmente uma terra de oportunidades promissora?

Depois de muitas análises e comparativos do ambiente global, a resposta parece ser contundente. A América latina está em uma excelente posição para liderar a recuperação econômica mundial. As novas expectativas e oportunidades para os investidores internacionais têm seu foco nas terras hispânicas do continente americano.

Nesse caso, é relevante contextualizar as considerações que nos levaram a tal afirmação partindo de quatro pontos de análise: O ambiente político, o desenvolvimento econômico, a internacionalização de suas empresas e a abordagem cultural.

Os países latino-americanos souberam aproveitar as oportunidades para remover restrições ao desenvolvimento e dar um salto quantitativo e qualitativo

ESTABILIDADE POLÍTICA

Diferente do velho continente, que atualmente se encontra em plena crise da dívida soberana europeia, com implicações negativas para os 17 Estados-membros da Zona do Euro, a América Latina goza de uma boa saúde para os próximos dez anos devido às suas boas políticas macroeconômicas.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta em seu estudo: “Perspectivas Econômicas da América Latina 2012” que os países latino-americanos souberam aproveitar as oportunidades para extinguir restrições ao desenvolvimento e dar um salto quantitativo e qualitativo no fornecimento de serviços públicos. ((http://www.oecd.org/dataoecd/39/15/48966240.pdf))

Países como o México, a Guatemala e a República Dominicana apresentaram uma diversificação econômica e menor gasto público, o que favoreceu o rápido crescimento da classe média e, consequentemente, empurra o desenvolvimento sem depender das economias externas. Em contrapartida, estão os exemplos do Brasil, do Chile e da Colômbia, que são os líderes do desenvolvimento econômico latino-americano a partir da abertura de tratados internacionais, com os quais abriram seus mercados e novas fronteiras. Nesse sentido, a estabilidade das políticas econômicas latino-americanas fortalece sua imagem a nível mundial.

Hoje, a América Latina está em uma excelente posição para liderar a recuperação econômica mundial, contribuindo significativamente para evitar uma crise financeira
no planeta

No entanto, ainda existem bons desafios na Região que demandam grandes recursos para conseguir um crescimento robusto, como por exemplo, melhorar as infraestruturas, melhorar o sistema educativo e motivar os investimentos em matéria de inovação.

CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL

04Fruto da estabilidade política, a América Latina desfruta de uma década de crescimento econômico sustentável e de afluência de investimento estrangeiros. Por isso, existe um consenso sobre os resultados econômicos derivados das políticas de estabilidade econômica e do controle das contas públicas.

Segundo o balanço do “Relatório macroeconômico da América Latina e do Caribe 2012 ” da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), estima-se que a América Latina e o Caribe crescerão 3,7% durante 2012. Embora o número pareça exorbitante, ele é um indicador de crescimento contra a crise dos países europeus, e a desaceleração econômica da economia chinesa. “Os países mais integrados financeiramente à economia mundial (Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru) teriam um crescimento anual de 4,4%, com uma recuperação parcial do crescimento do Brasil (2,7%), mas com taxas mais altas no Peru (5,7%), no Chile (4,9%), na Colômbia (4,5%) e no México (4,0%)”.
Inclusive, especialistas como John Welch, diretor executivo de mercados emergentes do CIBC World Markets, consideraram que as fortalezas econômicas da América Latina permitiram tirar proveito da desaceleração global e contribuir significativamente para evitar uma crise financeira mundial. ((http://www.eclac.cl/cgi-bin/getProd.asp?xml=/publicaciones/xml/5/46985/P46985.xml&xsl=/publicaciones/ficha.xsl&base=/publicaciones/top_publicaciones.xsl))

O SALTO NO CENÁRIO GLOBAL

Outra clave estratégica que permitiu destacar a América Latina para transformar-se no alvo de novos investidores é a diversificação de suas indústrias e a internacionalização de suas estratégias. Ou seja, o crescimento das empresas na Região, somado a uma adequada gestão de investimentos, permitiu que várias empresas latino-americanas recuperassem seu prestígio no contexto internacional.

Segundo o ranking elaborado pela publicação América Economia, cada vez mais as empresas mexicanas se destacam, como a Cemex, o Grupo Alfa, a Telmex, a Bimbo e a América Móvil, ou como a Odebrencht, o Grupo Vale e o Grupo JBS, do Brasil, que estão entre os principais pontos de análise com melhor posicionamento global e com alto potencial para continuar internacionalizando-se.

Em meio à incerteza econômica mundial estão as empresas latino-americanas que conseguiram sair e competir no exterior. Nesse sentido, a América Latina dá uma excelente lição ao mundo: não somente exportam mercadorias, como também as ideias e melhores práticas dos bons negócios.

De fato, cabe salientar que muitas empresas globais, principalmente da Europa e dos Estados Unidos, buscaram refúgio na América Latina, com expectativas de lucros mais abundantes que não foram encontrados em outras áreas do planeta.

PLURARIDADE CULTURAL

Para quem tiver interesse em investir na Região, é importante dedicar tempo e recursos para entender a região latino-americana como um “todo” e, ao mesmo tempo, como um “muito-organismo” de complexidades e diferenças culturais.

Mesmo que seja verdade que existe uma coincidência nos processos de crescimento e desenvolvimento latino-americano, dentro do subsistema territorial cada lugar depende de um ambiente específico.

A América Latina deve ser entendida como um subsistema cultural aberto, onde convergem ideias e valores semelhantes pela troca cultural que gerada a partir da língua hispânica. Mas tanto o sistema em sua totalidade como as partes que o compõe são realidades diferentes, nas quais é possível encontrar desigualdade social ou contextos políticos radicais.

A América Latina propõe uma nova reorientação para o mundo dos negócios, com uma versão moderna na qual todos os consumidores podem compartilhar ideias em comum, mas cada indivíduo gosta de contar com um toque diferenciado.

As empresas latino-americanas conseguiram sair e posicionar-se no contexto global, o que deixa uma excelente lição para o mundo: não somente exportam as mercadorias, como também as boas ideias e melhores práticas de negócio

Assim, o binômio de sociedade comum e território semelhante é uma oportunidade de investimento para a América Latina, mas que no esquema das organizações multinacionais tende a modificar a centralização das operações.

A América Latina é uma terra de oportunidades promissora para investir? As razões expostas aqui podem ser uma referência e, adicionalmente, tenha em conta que você pode fazer um cruzamento dessas variáveis mas, ao final, terá como resultado uma valorização positiva. Nos anos 80, ninguém teria imaginado que a América Latina seria um referente mundial, mas chegou a oportunidade para a América Latina, que passa de pátio dos fundos à fachada da casa.

Alejandro Romero
Sócio e CEO para as Américas da LLORENTE e CUENCA
Desde 1997 está à frente do processo de expansão da companhia na América Latina, iniciando as operações do Peru, Argentina, Colômbia, Panamá, Equador, México e, recentemente, Miami. Romero também liderou os processos de comunicação de três das dez operações de M&A mais importantes na região: a venda das operações da BellSouth ao Grupo Telefónica, a aquisição do Grupo Empresarial Bavaria pela SABMiller e a venda do Grupo Financeiro Uno ao Citibank. Em 20 anos de trajetória, conseguiu posicionar nossa companhia como a primeira rede de comunicação da América Latina. [EUA]

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