UNO Abril 2014

Oportunidades e tarefas com senso de urgência

christian_3Ser o segundo país mais seguro para se investir na América Latina é um orgulho para qualquer peruano, ainda mais para um que se dedica à assessoria financeira como eu, mas, além disso, é um momento supremo que devemos aproveitar ao máximo, como empresários, como governo, como país, mas também como região.

A inPERU nasce com o objetivo de aproveitar este momento (quando ainda não era tão supremo, nem tangível) para conseguir transformar uma boa percepção em uma oportunidade de investimento. Esta iniciativa dos empresários peruanos, que conta com o respaldo do governo peruano e suas autoridades, já visitou 10 das principais cidades do mundo, pondo o Peru na mira dos empresários internacionais, destacando as diversas razões e facilidades pelas quais o país deve ser um destino de investimento.

Este quinto roadshow na Aliança do Pacífico representa muitos mais desafios, já que não se trata só de promover o interesse de investir no Peru, uma vez que a relação comercial entre Peru, Chile, Colômbia e México existe; mas queremos ser a força motriz para que empresas chilenas, colombianas e mexicanas, que já estão considerando expandir-se, tomem a decisão de investir no Peru, mais ainda aquelas para as quais esta seria sua primeira experiência fora de seu país de origem.

Somos países interessantes para os investidores, mas separadamente somos mercados pequenos, juntos somos muito mais atrativos e comparativamente competitivos

Para isto, é primordial valorizar as diversas oportunidades que oferecemos como país para captar investimentos como: respeito jurídico ao investimento privado, sendo um direito constitucional; facilidades contábeis, as empresas podem ter contas em dólares, sóis e até em euros; a inflação foi, na média e constante, de 2,5% nos últimos 10 anos; contamos com US$ 68 bilhões de reserva, o que equivale a 18 meses de importações e a dívida do país contra PIB é só de 20%, mais de 50% desta dívida está em sóis e está parcelada em 13 anos.

É importante levar em conta que o desafio maior é que, por serem países vizinhos (México não tão próximo, mas ainda assim da mesma comunidade), falar o mesmo idioma, ter culturas similares, contar com investimentos mútuos, entre outros fatores, as barreiras são eliminadas e, apesar de podermos nos ver como concorrentes no mundo globalizado, consideramos que é mais estratégico nos olhar através da lente das oportunidades, que são muitas.

Assim, devemos identificar circunstâncias para trabalhar em conjunto, melhorando o atual investimento entre empresas de países da Aliança do Pacífico, promovendo a geração de mais empresas multilatinas, detectando nichos de mercado que possam ser atendidos por produção de países da Aliança, facilidades para a capacitação e captação do talento humano, entre outros pontos.

Os mercados de Peru, Chile, Colômbia e México poderiam ser vistos como concorrentes no mundo globalizado, mas é mais estratégico nos olhar através da lente das oportunidades, porque são muitas

Apesar de ser provável que estas oportunidades tenham componentes políticos, também é certo que no espaço empresarial muitas coisas podem ir avançando; uma mostra clara disto é o Mercado Integrado Latino-Americano (MILA) e a cotação de seu primeiro Exchange Traded Fund (ETF), que agrupa as 40 ações mais líquidas do MILA; e no caso do México, a participação da Bolsa de Valores Mexicana na Bolsa de Valores de Lima, que inclusive conta com um representante no diretório.

 

christian_1Por outro lado, um terceiro objetivo deste roadshow da inPERU é estabelecer os fundamentos para que a iniciativa Aliança do Pacífico continue tendo vida através de fatos e conquistas, desde a perspectiva de investimento. Apresentando-se como uma alternativa ao ser uma frente regional, promovendo assim os grandes investimentos nos quatro países em paralelo ou em alguns deles e/ou o ingresso de ditos países a mercados além do âmbito regional.

O mercado econômico formado pelos países que integram a Aliança do Pacífico está em pleno dinamismo e é onde atualmente está se promovendo o crescimento da região. Apesar de serem países interessantes para o resto do mundo e dos investidores, separadamente seguimos como mercados pequenos, mas juntos somos muito mais atrativos e comparativamente competitivos.

Para tudo isso, uma condição sine qua non é a união e compromisso entre o setor público e o privado. Um dos principais pontos fortes da inPERU é ser uma iniciativa na qual podemos ver de maneira concreta o respaldo do governo peruano e o trabalho em conjunto com as organizações empresariais privadas, o que gera uma sinergia e vantagem comparativa muito relevante.

O mesmo está acontecendo em cada um dos países; já existem mesas de trabalho que vêm avançando e resolvendo barreiras para gerar sinergias, primeiro, entre nossos mercados, e depois em relação ao resto do mundo. O importante é dar o senso de urgência para que, em prazo curtíssimo, possamos dar como finalizadas muitas destas tarefas; mas que, além disso, estes esforços sejam constantes e que transcendam os governos e atores políticos. Esta é a única fórmula para mostrar resultados concretos da Aliança do Pacífico.

Christian Laub
Presidente do Diretório da Bolsa de Valores de Lima e Gerente Geral (CEO) da Credicorp Capital
Presidente do Diretório da Bolsa de Valores de Lima e Gerente Geral (CEO) da Credicorp Capital, unidade regional do Banco de Investimento do Grupo Credicorp. Anteriormente, foi chefe da Divisão de Banco Corporativo do Banco de Crédito. Foi Gerente da Área de Finanças Corporativas e da Área de Mercado de Capitais do Banco de Crédito, Gerente Geral da Credifondo SAF e Associado na área de Administração de Ativos do Atlantic Security Bank. É Bacharel em Economia pela Universidade do Pacífico e tem um MBA da Universidade de Harvard.

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