UNO Maio 2016

Alto impacto, tecnologia e as chaves do sucesso na era da transformação digital

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Ainda hoje, enquanto estamos vivendo, sem dúvida, a quarta revolução industrial, há aqueles que percebem o mundo dividido em dois: um mundo fora da linha (offline) e outro conectado (online). A realidade é que hoje, mais do que nunca, vivemos em um mundo digital. Isso é algo que as novas gerações compreendem perfeitamente: a era digital chegou para ficar!

A tecnologia revolucionou a maneira de consumir, de nos comunicar, a forma como pensamos e trabalhamos, e transformou radicalmente a forma como fazemos negócios. Isso é evidente nas soluções oferecidas pelos Empreendedores Endeavor, que apoiamos, e a forma como estão transformando as indústrias das quais participam.

Hoje, aproximadamente 60% dos empreendimentos que podem passar pelo processo de seleção da Endeavor Miami são empresas puramente digitais. No entanto, os outros 40% estão imersos nas indústrias tradicionais, que encontram na tecnologia um grande aliado para permanecerem relevantes. É evidente que a tecnologia se tornou um fator determinante para o sucesso ou fracasso da maioria dos empreendimentos.

A democratização do acesso

A transformação digital democratizou por completo o acesso à informação, ao conhecimento, aos dados; abrindo, para os empreendedores, todo um leque de possibilidades, para acessar, de maneira direta e com conhecimento de causa, mercados e consumidores, sem as barreiras do tempo e do espaço. A DEMOCRATIZAÇãO do acesso é, sem dúvida, o benefício mais importante e transformacional que a tecnologia tem em uso nesta era.

A transformação digital democratizou por completo o acesso à informação, ao conhecimento, aos dados; abrindo, para os empreendedores, todo um leque de possibilidades

Da mesma forma, a tecnologia – por meio de ferramentas, como as plataformas crowdfunding – impulsionou o acesso ao capital, e hoje os empreendedores podem levantar fundos de forma mais ágil e diversificada. Quebraram-se os canais tradicionais e é possível obter financiamento a partir de fontes antes não imaginadas, multiplicando as oportunidades de poder crescer. Do mesmo modo, a tecnologia também permite que os investidores alcancem projetos que, em outros momentos, não seriam capazes de avaliar, até mesmo com montantes relativamente pequenos de capital.

016_1As vantagens de testar e falhar rápido

Definitivamente, no contexto atual, fazer uma empresa crescer e mantê-la vigente exige mais esforço e requer muito mais conexão com o mundo do que antes. No entanto, a boa notícia é que o fracasso deixou de ser “trágico”, claramente influenciado pelo ambiente cultural que rodeia o empresário.

A tecnologia reduziu as barreiras de entrada para o que se deseja realizar, pois permite que os novos empresários validem a relevância de seus produtos ou serviços de forma mais rápida e menos onerosa que antes. O acesso a canais sociais, sites e muitas outras ferramentas tecnológicas, tem facilitado muito o poder de teste do mercado para saber se determinado produto tem demanda ou não.

Em um mundo onde a velocidade é da lei, o fracasso pode chegar mais rápido também. Dada a frequente mudança e a concorrência, o risco de fracasso é maior, e pode aumentar quando se trata de empresas 100% digitais. Assim, recuperar-se das quedas e começar de novo não é algo estranho para os empreendedores.

Por outro lado, as possibilidades de crescimento e de geração de retorno do investimento – o upside potential são mais elevadas também. Existe o risco, sem dúvida, mas se a execução for boa, é possível ter sucesso em um tempo muito mais curto do que grandes corporações atuais gastaram para se desenvolver.

Estar presente não é suficiente

Um dos erros mais comuns que os empreendedores cometem quando pensam em tecnologia é considerar que estar presente é tudo. Não é assim, é preciso saber onde e como investir. Resumiria em três elementos fundamentais:

  1. Ter uma estratégia clara: A tecnologia é um investimento e deve ser avaliada como tal. O que queremos alcançar, e como vamos medir, é algo a ser considerado antes de iniciarmos um processo tecnológico ou escolher uma ferramenta.
  1. Saber escolher as ferramentas certas: Com a grande variedade de ferramentas disponíveis no mercado, conhecê-las e escolher a melhor para cada caso é um desafio. Embora existam ferramentas relativamente fáceis de substituir, a questão torna-se mais complicada quando se trata de avaliar aquelas utilizadas internamente (por exemplo, ferramentas de gestão de clientes) e aquelas que podem envolver grandes investimentos para um empreendedor que está crescendo rapidamente. Portanto, a análise prévia é essencial. O segredo é saber diferenciar as ferramentas “da moda” e as que mantêm as empresas na vanguarda.
  1. Um bom desempenho: O exemplo perfeito está nos canais das redes sociais (social media). Criá-los pode ser fácil, mas fazê-lo nas plataformas certas, mantê-los, medir os resultados e otimizá-los implica um esforço sustentado, uma execução comprometida.

Nessa linha, ferramentas de análise de mercado e da concorrência, gerenciamento de rede, design e análise de dados não podem faltar no mix tecnológico dos empreendedores.

A tecnologia não é tudo

Para construir um negócio, é necessário reunir diferentes elementos, e a compreensão da tecnologia é apenas um deles. Por isso, as empresas de sucesso são aquelas que conseguem integrar a tecnologia ou potencializá-la sem esquecer outras partes do negócio.

Um empreendedor pode ser magnífico, tecnologicamente falando, um ás no desenvolvimento de produtos, mas pode não ter êxito sem um bom conjunto de vendas, marketing, desenvolvimento, administração e atendimento ao cliente. Não é o suficiente ser bom tecnologicamente; para subir, é necessária uma equipe diversificada, no caso de uma empresa digital ou tradicional.

As empresas de sucesso são aquelas que conseguem integrar a tecnologia ou potencializá-la sem esquecer outras partes do negócio

Manter a vigência sem morrer na tentativa: o grande desafio

Nunca antes o mundo tinha se movido de maneira tão acelerada. Hoje as coisas acontecem num ritmo em que, para manter-se em dia e avançar no tempo, é um desafio. Para as empresas, a inovação deixou de ser um valor agregado para tornar-se um elemento essencial.

Como sugerido por Salim Ismail, em seu livro Exponential Organizations, antigamente se projetava o crescimento de uma empresa de forma linear. Hoje, deve-se entender que as organizações que conseguem crescer de maneira exponencial estão sempre à frente da curva de crescimento. O empreendedor é obrigado a pensar sempre em termos da curva; em como poderia mudar os cenários que enfrenta; que inovações podem perturbar seu campo de ação; o que a concorrência está fazendo, e como usar tudo isso para inovar. A pressão para educar-se, inovar e transformar-se de acordo com o que o mundo muda é extremamente alta.

Ou seja, nesse contexto, a tecnologia pode ser uma faca de dois gumes: em um primeiro momento fornece um acesso imediato a mercados e ferramentas, mas no médio e longo prazo significa encontrar a fórmula para crescer e permanecer relevante em um ambiente que muda todos os dias.

Um último ponto a salientar é que nesta era de alta inovação, a tecnologia bem utilizada fornece também a oportunidade para fazer mudanças significativas para beneficiar nossas comunidades e o mundo. Ela nos permite impactar significativamente por meio do empreendedorismo, e, por isso, é fundamental observá-la, pensando em como agregar, como somar.

Laura I. Maydón
Diretora-geral da Endeavor Miami
É diretora-geral da Endeavor Miami, uma organização de impacto, sem fins lucrativos, lançada em setembro de 2013, nos Estados Unidos. A missão da Endeavor Miami é pesquisar, selecionar e dar orientação a empreendedores de alto impacto para ajudá-los a acelerar o seu crescimento, com o objetivo de construir um ecossistema empresarial. A Endeavor Miami é parte de uma organização global, presente em 26 países ao redor do mundo. Antes da Endeavor, Laura ocupou vários cargos na Visa para a região da América Latina e trabalhou para empresas como a Panamco, Banc of America Equity Partners e Protego. Tem m MBA da Escola de Negócios na Harvard Business School (HBS) e é licenciada em economia pelo Instituto Tecnológico Autônomo do México (ITAM).

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